quarta-feira, 18 de março de 2009

Metade


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que entristeça.
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas. Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se trasforme na calma e na paz que mereço.
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia reconpensada.
Porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito.
Que o seu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba.
Que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florecer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade ... também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Molha o pézinho aqui ô!

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.