quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Apaixonites


Se o texto a seguir fosse uma canção, e eu fosse o locutor de uma rádio brega, anunciaria agora, empostando a voz: “Essa vai especialmente para você, minha amiga, mulher... Você que já se apaixonou, que já se entregou de corpo e alma a alguém que não soube dar valor... Você que teve seu coração dilacerado por mais de uma vez, e que, apesar de toda a dor, nunca [pausa para um breve ar de suspense], nunca desiste de amar”.
Aos primeiros acordes tristes, a amiga ouvinte já estaria vertendo lágrimas, abraçada ao travesseiro, pensando naquele safado, ingrato... Depois de tudo que ela fez por ele! E todo amor que ainda havia guardado dentro dela, esperando só o momento certo de transbordar e tornar a vida dele uma coisa mística, mágica, inexplicável... O que fazer dele?


É, colega. Se você é mulher e tem mais de 12 anos de idade, existe uma probabilidade imensa de que já tenha descoberto essa verdade: estar apaixonada pode ser a melhor ou a pior sensação na vida de uma pessoa.


Em 99% dos momentos, estar apaixonada é um suplício. Não é à toa, querida. Paixão é sinônimo de sofrimento, martírio (de Cristo), cólera, excesso, mágoa. Olha lá no dicionário. Não tem como esse troço não fazer sofrer. A razão pela qual a gente insiste está naquele 1% que resta.


Ah, que sensação maravilhosa quando ele corresponde. Quando ele também tem medo de perder. Quando ele também acorda pensando no seu nome. O sofrimento de um ameniza o do outro. A reciprocidade acalma. É uma coisa linda demais. Duas pessoas apaixonadas uma pela outra, ao mesmo tempo, no mesmo lugar? Não é tão fácil de acontecer. Claro que se vê todos os dias dezenas de casais de mãos dadas desfilando por aí, desafiando a solidão alheia.
Mas não se engane, cara leitora. Existem milhares de motivos para as pessoas estarem juntas, além da paixão e, que dizer então, do amor? O amor é raro. Casais se formam por carência, conveniência, afinidade, amizade. As pessoas cansam de ficar sozinhas e... tcharammm! Chamam qualquer coisiquinha marromenos de “amor”.


A ciência já comprovou que a paixão atua no cérebro como uma droga. E não faz todo sentido do mundo? Uma droga que causa sensações deliciosas, mas cujos efeitos colaterais nunca compensam. E pior: o negócio vicia.
Então, prezada leitora. É aqui que vai meu recado, especialmente do meu coração para o seu. Não se deixe levar por essa vontade louca de se apaixonar.


Quanto tempo da sua vida você dedicou àquele cara que apostava ser o homem da sua vida?

E no fim descobriu que ele não era nada do que você imaginava, certo?
Explique-me, pois, com base em que critérios você pode acreditar que esse outro, que conhece há cerca de 5 semanas, e que até o presente momento não deu qualquer sinal de ser malzinho?
Não digo que o cara não tenha o material para isso, que ele não seja legal, uma boa pessoa. Mas boas pessoas também fazem sofrer, também magoam. Até sua mãe, que é uma senhora de comportamento ilibado, pode pisar na bola de vez em quando, não pode? E mesmo que o cara não faça nada pra magoá-la, mesmo que a respeite, se ele simplesmente não desejá-la com a mesma urgência com que você o deseja, isso já bastará pra fazê-la sofrer feito um cão sarnento.
Vamos com calma. Relax, take it easy.


E mais: as palavras têm poder. Não, não é discurso religioso nem esotérico. É muito sério. Quando admitir que está apaixonada, dps de tanto as tuas amigas te azucrinarem. E aí, colega, no momento em que você diz as palavras, já era.
O cérebro capta a mensagem rapidinho e sua vida está imediatamente voltada àquele sentimento que consome suas entranhas.


Para todos os efeitos, a única pessoa que eu realmente conheço nessa relação sou eu!
Eu sei o que tenho a oferecer, e às vezes dou umas amostras grátis, porque a gente também tem que saber fazer o marketing pessoal. Tudo dentro de certos limites, claro. Talvez não seja o caso de dizer "querido, pára e pensa: se assim eu já sou boa de cama, imagine só se eu te amasse". Talvez. Sei também de quanto amor, carinho e cuidado eu preciso pra ser feliz. Eu conheço meus defeitos e minhas virtudes, e sei que adoro cuidar bem de quem eu gosto... Mas não posso deixar que meu desejo de amar me transforme numa ameba.


Claro que não é fácil! Uma vez que você se entrega ao sentimento, ouvir esse tipo de alerta é tão útil quanto aqueles e-mails sobre técnicas de penis enlargement que eu recebo. Mas nunca é tarde para tentar resistir! Vale a pena lutar contra esse desejo patético e infantil de transformar qualquer gatinho bom de cama num protótipo de príncipe encantado!


Por fim, eu sei que não tenho moral pra dar conselhos, já que eu também quebrei a fuça bem desse mesmo jeitinho aí. Mas dou mesmo assim (conseeelhos! Eita gente maldosa). O maldito vírus da paixão é mutante, sempre arranja uma forma de derrubar os incautos - especialmente os que se julgam mais fortes do que realmente são.


Não quero vê-la sofrer. Não quero também que você perca as oportunidades que brotam de todos os cantos porque está cega de paixão (efeito colateral). Não quero você ligando aqui na rádio pedindo pra tocar de novo aquela velha canção que faz você chorar. Vou tocar um funk e a gente dança até o chão, ok?


Por que gente paixão passa, mas é claro se ver que o cara é bacana, e que o sentimento é recíproco, vai lá tenta, dá mais uma chance, já quebrou e se espatifou tantas vzs, que mais uma vai ser fichinha, mas cuidado, é sempre bom ficar como os dois pés grudados no chão, afinal a gente vive uma vida inteira e não conhece alguém quem dira, um ou dois mêses.


P.S: Inspiração de alguns orkuts por ai, e algumas conversas com meu xuxu Tiago!


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